Doenças neurológicas congênitas ou adquiridas na infância. Tratamento de doenças congênitas, como as malformações do sistema nervoso que causam problemas neurológicos e comprometimento do desenvolvimento neuropsicomotor, mas que são passíveis de correção pela neurocirurgia pediátrica.
A hidrocefalia é o acúmulo anormal de líquor dentro da caixa craniana. Pode ocorrer nas crianças e os sintomas variam de acordo com a causa e a idade. Os prematuros ou lactentes podem apresentar apnéia e alteração no formato do crânio. Até 1 ano, as crianças com hidrocefalia podem apresentar aumento desproporcional do perímetro cefálico, irritabilidade, náuseas, alteração ocular, dificuldade para fixação e controle da cabeça. Nas crianças maiores, os sintomas da hidrocefalia podem ser dor de cabeça, náuseas, vômitos e atraso no desenvolvimento neuropsicomotor.
Através do exame neurológico e de exames complementares como ultrassom, tomografia de crânio e ressonância magnética, o diagnóstico da hidrocefalia pode ser estabelecido. O tratamento definitivo é realizado por uma neurocirurgia, que pode ser feita através do implante de válvula para drenagem deste líquido em excesso (derivação ventricular) ou então através da neuroendoscopia (terceiro ventriculostomia).
Malformações congênitas na coluna vertebral que ocorrem entre a terceira e quarta semana de gestação, são conhecidas por espinha bífida aberta ou mielomeningocele.
Os defeitos da espinha que surgem mais tarde na gestação e que são recobertos por pele íntegra, são denominados espinha bífida fechada. O exame pré-natal proporciona o diagnóstico do disrafismo espinhal durante o segundo trimestre gestacional e desde então o tratamento já pode ser iniciado.
Os sintomas do disrafismo espinhal em crianças podem ser: paralisia parcial ou completa associada à falta de sensibilidade nos membros inferiores e perda do controle urinário e fecal. Grande parte destas crianças também apresentam hidrocefalia e precisam de tratamento neurocirúrgico.
A cirurgia corretiva para o disrafismo espinhal pode ser feita no período gestacional (cirurgia intrauterina) ou imediatamente após o nascimento (tempo zero). As crianças submetidas a este tratamento neurocirúrgico podem levar uma vida normal com acompanhamento multiprofissional.
O diagnóstico de Tumores do Sistema Nervoso e Doenças Neurovasculares em crianças pode ser feito através de exames complementares de neuroimagem, como a tomografia e a ressonância magnética.
Através da neuronavegação, da monitorização eletrofisiológica intraoperatória e da técnica microcirúrgica é possível a retirada do tumor e tratar as doenças neurovasculares (cavernoma, moyamoya, aneurisma, malformação arteriovenosa) com preservação das delicadas estruturas do sistema nervoso.
A assimetria craniana causada por vícios de postura ou torcicolo congênito é denominada plagiocefalia posicional. O tratamento para estes casos é feito com reposicionamento do bebê (tummy time), fisioterapia e órtese craniana (capacete).
O fechamento precoce de uma ou mais suturas cranianas caracterizam a cranioestenose, que pode ser simples ou sindrômica (por exemplos: síndrome de Apert, síndrome de Crouzon, síndrome de Pfeiffer). A correção para a cranioestenose é cirúrgica e melhora o desenvolvimento craniofacial, o funcionamento do encéfalo, da respiração, da deglutição e da visão.
De acordo com a sutura que fechou precocemente, a cabeça assume um formato típico. Os tipos mais comuns de cranioestenose simples são: escafocefalia, trigonocefalia e plagiocefalia anterior.
Até o 6° mês de vida o procedimento neurocirúrgico pode ser realizado, e em casos específicos, com técnica neuroendoscópica minimamente invasiva associada ao uso de órtese craniana.
A partir do 6° mês é indicada a neurocirurgia clássica aberta para tratamento da cranioestenose – correção com remoção cirúrgica da sutura fechada precocemente (suturectomia), remodelamento ósseo e plástica craniana com placas absorvíveis.