A neurocirurgia trata doenças que acometem o sistema nervoso central (encéfalo e medula) e seus envoltórios (crânio e coluna vertebral) e o sistema nervoso periférico (plexos e nervos).
Essas doenças podem ser congênitas, genéticas ou adquiridas – tumor intracraniano, aneurisma, MAV (malformação arteriovenosa), cavernoma, hidrocefalia, hipertensão intracraniana idiopática (pseudotumor cerebral), cistos, doenças degenerativas da coluna vertebral (hérnia de disco, canal estreito lombar ou cervical, escoliose, por exemplo), traumatismo craniencefálico, trauma raquimedular, dor crônica, epilepsia e distúrbios do movimento (espasticidade, Parkinson, distonia).
Sequelas como afundamentos e deformidades de crânio, alterações mentais (coma, estado vegetativo persistente, estado mínimo de consciência, epilepsia, alterações do raciocínio, atenção e memória), tetraplegia, paraplegia, distúrbio de linguagem, alteração na deglutição e dor crônica podem ser tratadas por equipe multiprofissional com apoio de procedimentos neurocirúrgicos.
Através de exame de tomografia de crânio com reconstrução 3D, o crânio pode ser avaliado e a cranioplastia neurocirúrgica planejada para correção do defeito estético e funcional. A hidrocefalia pós-traumatismo craniencefálico pode ser reconhecida e tratada com neurocirurgia, proporcionando melhora da qualidade de vida.
Doenças da coluna vertebral (pós-traumatismo raquimedular ou patologias degenerativas como hérnia de disco, espondilolistese, canal estreito, escoliose, tumores raquimedulares, fraturas e deformidades vertebrais por osteoporose) podem ser tratadas pela neurocirurgia para descompressão do sistema nervoso ou para fixação e estabilização óssea.
Estimulação elétrica ou magnética da medula espinhal, transcraniana, cerebral profunda (DBS) e do nervo vago (VNS) são procedimentos neurocirúrgicos que podem ser utilizados na reabilitação pós-traumatismo (TCE e TRM) ou em doenças de movimentos anormais como o Parkinson e a Epilepsia.
A hidrocefalia de pressão normal (HPN) é um tipo de demência reversível, que acomete pessoas a partir dos 60 anos de idade e pode facilmente ser confundida com Alzheimer ou Parkinson. Atualmente estima-se que mais de 120.000 brasileiros tenham HPN, porém a maioria não conhece o diagnóstico.
Os sintomas da HPN são alterações perceptíveis:
A hidrocefalia pode ser tratada e os melhores resultados clínicos, com recuperação da saúde e da qualidade de vida, são obtidos quando a hidrocefalia é diagnosticada e tratada rapidamente.
Exames de imagem, como a tomografia de crânio e a ressonância magnética de encéfalo confirmam o diagnóstico da HPN.
O Tap Test, o teste da infusão e a drenagem lombar externa por 72h são exames preditivos do sucesso terapêutico. Após o teste, pode então ser comprovada a hidrocefalia (HPN) e sendo o quadro clínico compatível, o paciente deve ser submetido à neurocirurgia para promover recuperação de suas habilidades mentais e motoras, além do controle da micção e da evacuação.
As opções de neurocirurgia atuais para o tratamento da hidrocefalia são duas:
A hipertensão intracraniana idiopática, também conhecida como hipertensão intracraniana benigna ou pseudotumor cerebral, é um distúrbio hidrodinâmico mais comum em mulheres obesas em idade fértil. Trata-se de uma doença neurológica com incidência de 1 em 100 mil indivíduos.
Os sintomas da hipertensão intracraniana idiopática podem ser dor de cabeça constante, náusea, vômito, tontura, zumbido e alterações visuais (visão dupla, embaçamento visual, perda parcial da visão). Se não tratado, pode acarretar cegueira permanente.
O diagnóstico da hipertensão intracraniana idiopática pode ser confirmado com os seguintes exames: tomografia de crânio, ressonância magnética de encéfalo, punção lombar do líquido cefalorraquidiano com medida da pressão, exame de fundo de olho e campimetria visual.
A medida não invasiva da pressão intracraniana é um exame não invasivo e indolor que fornece informações importantes sobre a morfologia das ondas pressóricas intracranianas e sobre a complacência cerebral. Este exame pode ser feito para diagnóstico e para acompanhamento dos pacientes.
O tratamento da hipertensão intracraniana idiopática é feito através da redução do peso corporal, de medicamentos para reduzir a produção do liquido cefalorraquidiano e neurocirurgia para aliviar a pressão intracraniana (derivação ventriculoperitoneal, derivação lomboperitoneal, craniectomia descompressiva bitemporal) ou descompressão da bainha do nervo óptico.